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Feminicídios crescem 14,2% em Mato Grosso e alcançam maior número desde 2021

Fonte: Yan Rocha/RBT News com informações do GD

Os casos de feminicídio em Mato Grosso registraram aumento de 14,2% entre janeiro e outubro deste ano, segundo dados da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp). Foram 40 mortes motivadas por violência doméstica ou discriminação de gênero no período, contra 35 no mesmo intervalo do ano passado. Em média, quase uma mulher foi vítima de feminicídio por semana no estado, e especialistas acreditam que o número real pode ser ainda maior.

Casos como o da travesti Gisa (Gerardo Ribeiro Lima), assassinada em abril deste ano em Cuiabá, só foram contabilizados após o avanço das investigações e a prisão do suspeito, ocorrida em Minas Gerais na semana passada. O crime, inicialmente, não constava na classificação de feminicídio.

Os registros foram feitos em 27 municípios. Cuiabá e Sinop lideram com cinco e quatro casos, respectivamente, seguidas por Várzea Grande, com três ocorrências. Em 17% dos casos, as vítimas já haviam registrado boletins de ocorrência contra os agressores, e apenas 5% delas possuíam medidas protetivas de urgência.

Aumento histórico
Este é o maior número de feminicídios registrados em Mato Grosso no período de janeiro a outubro desde 2021, quando ocorreram 39 mortes. Em 2022, foram 37. O ano de 2020 segue como o mais letal, com 48 casos. Os meses de setembro e outubro deste ano concentraram os números mais altos, com oito e cinco mortes, respectivamente.

Desde o último dia 9 de outubro, os feminicídios cometidos no país passam a ser punidos de forma mais severa. A nova lei sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva aumentou a pena mínima para 20 anos de prisão e a máxima para 40 anos. A medida, parte do “Pacote Antifeminicídio”, prevê também agravantes para crimes cometidos contra mulheres grávidas, no pós-parto, ou na presença de familiares.

Prevenção como solução
Rosana Leite, coordenadora do Núcleo de Defesa da Mulher da Defensoria Pública de Mato Grosso, classifica os números como alarmantes e destaca a necessidade de políticas públicas para prevenir esses crimes.

“Feminicídios são delitos anunciados que podem ser evitados. Políticas públicas que trabalhem o respeito às mulheres e enfrentem a misoginia e o machismo estrutural são essenciais para mudarmos esse cenário. É preciso agir desde a infância, promovendo equidade e enfrentando a cultura de violência que envolve tantas meninas e mulheres”, reforça Rosana.

Ela aponta que, apesar do endurecimento das leis, a criminalidade não diminui sem mudanças estruturais. “A prevenção ainda é a chave mestra para a transformação da sociedade. Trabalhar o enfrentamento à violência contra as mulheres em todos os lugares é a melhor expectativa de mudança”, conclui.

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