Presidente da Aprosoja-MT critica impactos da Lei Antidesmatamento da União Europeia
Fonte: Yan Rocha/RBT News com informações do CenarioMT
O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber, manifestou preocupação com as exigências da Lei Antidesmatamento da União Europeia (EUDR), mesmo após o adiamento de sua aplicação, decidido pelo Parlamento Europeu.
A lei estabelece que grandes empresas deverão cumprir as novas regras ambientais a partir de dezembro de 2025, enquanto micro e pequenas empresas terão até junho de 2026 para se adequar. A regulamentação exige que produtos agrícolas importados pela União Europeia sejam livres de desmatamento, o que, segundo Lucas Beber, cria desvantagens para países como o Brasil.
“Isso favorece países da União Europeia, que têm baixo risco de desmatamento por não possuírem mais vegetação nativa em áreas agricultáveis. Aqui, especialmente em Mato Grosso, continuamos preservando grandes áreas de vegetação”, destacou o presidente da Aprosoja-MT.
Desafios e custos para os produtores brasileiros
O adiamento oferece mais tempo para adaptação, mas não elimina as dificuldades. Uma das principais preocupações está nos altos custos de implementação de sistemas de rastreabilidade e segregação para atender às exigências europeias.
A Aprosoja-MT defende que esses custos não sejam repassados integralmente aos produtores, que já cumprem as rigorosas normas ambientais brasileiras. A expectativa é que as tradings, responsáveis pela comercialização internacional, assumam parte das despesas.
“Se for necessário criar uma logística paralela para atender esses requisitos, que a União Europeia e seus consumidores arquem com os custos, sem prejudicar a competitividade dos nossos produtores”, afirmou Lucas Beber.
Sustentabilidade como estratégia
O presidente da Aprosoja-MT reforçou que os meses adicionais de adaptação devem ser usados para destacar a sustentabilidade e as boas práticas já adotadas pelos produtores de Mato Grosso. Ele citou iniciativas como o plantio direto e o programa Soja Legal, que promove o cumprimento de normas ambientais, trabalhistas e sociais.
Negociações continuam
As discussões sobre a aplicação da Lei Antidesmatamento seguirão no Comitê de Meio Ambiente, Saúde Pública e Segurança Alimentar da União Europeia. A Aprosoja-MT continuará acompanhando o processo, buscando minimizar impactos para os produtores brasileiros e assegurando que a agricultura do estado seja reconhecida por seu compromisso com práticas sustentáveis.