A Polícia Federal, na segunda fase da Operação Rustius, cumpriu três mandados de busca e apreensão na cidade de Sorriso. Os elementos conhecidos na investigação indicam que o limite de gastos para a campanha eleitoral, estabelecido na legislação, foi ultrapassado na campanha de um candidato à Prefeitura da cidade. Por isso, foi necessária a utilização de artifícios para que os gastos excedentes não fossem computados oficialmente.
Os indícios apontam que o candidato, por meio de uma empresa, teria realizado um empréstimo de valor superior ao teto permitido para ser utilizado na campanha. Esse valor teria sido pulverizado em quantias menores, enviadas para contas de laranjas, e posteriormente realizadas como doações oficiais.
O montante excedente teria sido utilizado em serviços não contabilizados, ou ainda em serviços que foram registrados na prestação de contas de campanhas de vereadores. Diversos cabos eleitorais que prestaram serviços à campanha do candidato a prefeito foram, na verdade, declarados como integrantes das campanhas de candidatos a vereador. Assim, criou-se um esquema de triangulação: o valor era recebido pela campanha do vereador, mas era utilizado, de fato, na campanha do candidato a prefeito — tudo com o objetivo de burlar o sistema de fiscalização e controle eleitoral.
Além disso, alguns cabos eleitorais teriam sido pagos em dinheiro em espécie, empresas de dados e pesquisas teriam prestado serviços sem serem declaradas, e pessoas jurídicas teriam sido utilizadas para realizar doações ilegais.
Dessa forma, teria ocorrido abuso de poder econômico na disputa eleitoral na cidade. As investigações continuam. Até o momento, 17 pessoas foram formalmente indiciadas pelo crime previsto no artigo 350 do Código Eleitoral — popularmente conhecido como “Caixa 2” — cuja pena pode chegar a até 5 anos de reclusão.