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“Foi um desespero, ninguém nos deixou ver o corpo”: família desabafa após tragédia no rio Cuiabá

Em meio à dor e à indignação, Tatiane Almeida, tia de Luiz Ayrton da Silva Júnior, 30 anos, vítima fatal do acidente ocorrido no sábado (17.05), desabafou sobre o sofrimento enfrentado pela família desde o momento da tragédia até o resgate do veículo, um VW Virtus branco, que caiu no rio Cuiabá.

“Como toda família, ficamos desesperados. Passamos o sábado inteiro sem dormir. O corpo só chegou no domingo, às 4 horas da manhã, e, mesmo assim, não deixaram ninguém da família ver. Disseram que não podia porque estava embalado em plástico. Acho que pelo menos uma pessoa poderia ter entrado para ver, para ajudar a tampar, dar um último adeus”, lamentou Tatiane.

Segundo ela, o corpo permaneceu com a família até a manhã de segunda-feira (19), quando foi sepultado às 10h. “Quando é um ente querido, a gente quer ficar o máximo de tempo possível. Passamos a noite ali, foi muito doloroso.”

Ainda abalada, Tatiane relatou que, em meio ao velório, procurou orientação sobre a retirada do veículo submerso. “Conversei com o vereador Vandeley, que estava lá dando suporte. Ele me orientou a entrar em contato com o Corpo de Bombeiros. Ligamos, mas eles disseram que não era serviço deles, que tínhamos que contratar um guincho particular”, contou.

O custo do serviço foi mais um baque para a família. “O guincho cobrou cinco mil reais para tirar o carro. No começo, pensamos até em tentar descer nós mesmos com equipamentos improvisados, mas seria muito perigoso.”

Tatiane também revelou a indignação com a falta de sinalização no local do acidente. “Minha irmã foi atrás das imagens das câmeras. A gente queria entender como ele caiu ali. O vídeo mostrou que ele não estava correndo, deu seta para entrar, mas ali não tinha nenhuma placa, nenhuma barreira. Dizem que o espaço era para abrir um restaurante, mas nunca abriram. Não tinha nada indicando que não era uma rua normal”, afirmou.

Segundo ela, Luiz não conhecia bem a região. “Ele morava em Ouro Verde, tinha passado um tempo no Capão Grande, mas não costumava ir para Cuiabá. Mesmo eu, que trabalho na prefeitura e ando muito pelos bairros, nem sabia desse espaço ali. É tudo muito recente, eles mexeram naquela área agora, não tinha antes.”

Sobre o veículo, Tatiane explicou que a irmã havia adquirido há pouco tempo. “Ela estava pagando ainda. E não tinha seguro. A gente até falava para ela fazer, mas, infelizmente, não fez.”

A dor, segundo Tatiane, ainda é insuportável. “Hoje foi um dia muito difícil. Minha irmã não consegue dormir, acorda assustada, chamando o nome dele, perguntando se ele já voltou. É muito triste.”

DEPENARAM O VEÍCULO

Tatiane contou à reportagem que, além dos pneus e das rodas, “tiraram tudo que podiam”. “Tudo que eles podiam tirar de dentro do carro, eles tiraram. O carro só tem um ano; foi lançado há um ou dois anos… Até o tanque de gasolina eles tiraram”, relatou, visivelmente abalada.

Apesar do sentimento de indignação, a tia lamenta a impotência diante da situação: “Mas tá bom… é difícil, mas é trabalhar de novo para comprar outro, né? Não vai trazer o filho da minha irmã de volta, meu sobrinho… mas, pelo menos, não fiquei em dívida. A dívida é ele”, completou, emocionada.

O desabafo reforça a indignação da família, que, além de enfrentar a dor do luto, ainda precisa lidar com o desrespeito e a violência de criminosos que, mesmo diante de uma tragédia, não pouparam o veículo da vítima.

O acidente ocorreu quando Luiz Ayrton, 30 anos, perdeu o controle do veículo, rompeu a barreira de segurança no Cais do Porto e caiu no rio. O corpo foi resgatado pelo Corpo de Bombeiros, mas o carro permaneceu submerso por dias, até ser retirado nesta semana — momento em que se constatou o furto das peças.

Por VCN

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