Célio Rodrigues, novo secretário de Saúde de Cuiabá — Foto: Assessoria

A Justiça aceitou, nesta segunda-feira (6), a denúncia do Ministério Público de Mato Grosso (MPMT) contra o ex-secretário de Saúde de Cuiabá, Célio Rodrigues da Silva, por suposto desvio de R$ 3,2 milhões em remédios que não foram entregues nas unidades da capital. Outras 10 pessoas também foram denunciadas pelo MP envolvidas no esquema.

Na decisão, o juiz Jean Garcia de Freitas Bezerra da 7ª Vara Criminal da capital também autorizou o compartilhamento do caso para a Delegacia Especializada de Combate à Corrupção (Deccor), para instaurar um inquérito policial complementar a fim de investigar possível prática de lavagem de capitais para localizar o destino final do dinheiro público que havia sido desviado.

O advogado de defesa do ex-secretário, Ricardo Spinelli, protocolou uma manifestação em resposta à decisão da Justiça, na qual pede que seja declarada a incompetência absoluta da Justiça Estadual e que o caso seja remetido para a Justiça Federal.

Além disso, ele aponta que a investigação contém “vícios insanáveis” e que a acusação se baseia em “narração inverídica” e, com isso, pede a nulidade de todos os atos do processo, incluindo a revogação da prisão preventiva do ex-secretário.

“Ultrapassada a questão relacionada a incompetência absoluta e nulidade dos atos decisórios, seja declarada a ilicitude da investigação criminal, pela ilicitude dos reiterados vazamentos seletivos de peças sigilosas dos autos, o que viola princípios constitucionais”, disse, na manifestação.

 

Em janeiro, Célio foi alvo da Operação Hypos em que investigou um suposto esquema que teria se instalado na Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, em 2021. Conforme a investigação, em tese, foram autorizados pagamentos para uma empresa que não possuiria sede física no local informado em seu registro formal, o que levou à suspeita de que seria uma empresa fantasma com sócios administradores laranjas.

Célio Rodrigues, ex-secretário de Saúde de Cuiabá, é preso em Cuiabá — Foto: Luiz Vieira/TVCA

Célio Rodrigues, ex-secretário de Saúde de Cuiabá, é preso em Cuiabá — Foto: Luiz Vieira/TVCA

Prisão

 

Na denúncia do MPMT, protocolada na sexta-feira (24), a empresa envolvida na compra dos remédios seria de fachada, de acordo com as provas indicadas no processo, na qual apontam para a inexistência da empresa, como ausência de endereços, de contatos telefônicos e de autorização para venda de medicamentos junto aos órgãos de fiscalização.

Além disso, a polícia encontrou indícios que sugerem que os pagamentos foram para a aquisição de medicamentos que, a princípio, não possuíam comprovação de ingresso na farmácia da Empresa Cuiabana de Saúde Pública e que nunca teriam chegado ao estoque.

Na segunda-feira (13), a Justiça manteve a prisão preventiva de Célio. Em depoimento, ele negou que tenha feito qualquer licitação, mas falou em compras “atípicas” no período em que esteve à frente da Empresa Cuiabana de Saúde Pública.

Em 2020, época em que Célio estava à frente da secretaria, unidades de saúde chegaram a suspender os atendimentos por falta de medicamentos e insumos básicos.

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