“Isso aqui já era uma tragédia anunciada”,declara presidente de bairro onde criança foi morta
O advogado e presidente do bairro em Várzea Grande onde o pequeno Miguel teve sua vida ceifada se manifestou publicamente sobre a morte do menino Davi, de 8 anos, que teve o pescoço cortado por uma linha com cerol no último fim de semana. Revoltado com o caso, ele afirmou que a tragédia já havia sido alertada às autoridades há meses, mas nenhuma providência efetiva foi tomada.
“Isso aqui já era uma tragédia anunciada”, declarou. Segundo o representante comunitário, diversas notificações foram encaminhadas ao Conselho Tutelar e ao 4º Comando da Polícia Militar relatando riscos constantes na região devido ao uso de linhas com cerol, além de outras situações de violência e desordem.
“Há meses nós viemos aqui relatando às autoridades, seja o comando da Polícia Militar, seja o Conselho Tutelar. Não foi nem ofício pedindo, mas notificações relatando a gravidade dos fatos que vinham acontecendo aqui, com o uso reiterado de cerol”, disse.
O líder comunitário destacou que, além de crianças e adolescentes empinando pipas de forma perigosa, o local também vinha sendo frequentado por adultos consumindo drogas, com som automotivo alto e até invasões a domicílios para recuperar pipas que caíam em terrenos próximos. Ele ainda mencionou danos ao patrimônio público, como rompimento de cabos de energia e queima de transformadores.
Ele relatou que, em 1º de agosto, houve um pedido formal de atuação urgente do Conselho Tutelar. Porém, segundo ele, as respostas recebidas revelaram que “embora o relato fosse alarmante e exigisse providências”, nenhuma ação efetiva foi implementada.
“No entanto, o Conselho Tutelar fez nada, absolutamente nada. O 4º Comando da Polícia Militar também ficou de tomar providência… que providências foram feitas? Até hoje, nenhuma”, reforçou.
O advogado rejeitou a ideia de que o ocorrido possa ser considerado um acidente inevitável.
“Não foi acidente. Aqui houve um homicídio, no mínimo doloso. Uma criança foi assassinada brutalmente, que é o Davi. Sua mãe hoje está de luto, desesperada, vítima de uma brutalidade, no mínimo de negligência e omissão dos órgãos”, disse.
Ele informou que recorrerá ao Ministério Público para formalizar denúncia contra o Conselho Tutelar, alegando negligência e prevaricação. O presidente também lembrou que conselheiros tutelares já haviam sido afastados por situações semelhantes.
“Entendemos que houve novamente negligência e prevaricação das funções do Conselho Tutelar”, concluiu.
A Polícia Civil segue investigando o caso. A morte de Davi gerou grande comoção no município e reacendeu o debate sobre fiscalização e punição ao uso ilegal de cerol e linha chilena, materiais proibidos por lei devido ao risco extremo que representam para quem transita pelas vias públicas.
Por Ana Flávia Moreira/O Mato Grosso




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