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Empresário deixa prisão em menos de 24 horas após pagar fiança de R$ 1 milhão; funcionários seguem presos

Empresário deixa prisão em menos de 24 horas após pagar fiança de R$ 1 milhão; funcionários seguem presos

Em menos de 24 horas após ter a prisão preventiva decretada, o empresário do agronegócio investigado por um suposto esquema milionário de furto de energia elétrica deixou a cadeia mediante pagamento de fiança de R$ 1 milhão, valor que coincide com o prêmio que ele ganhou recentemente em um torneio de pôquer. Enquanto isso, funcionários apontados como operadores técnicos da fraude continuam presos.

A decisão que autorizou a soltura foi assinada pelo desembargador Marcos Machado, da Primeira Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso, que entendeu ser possível substituir a prisão por medidas cautelares, citando que o investigado possui “condições pessoais favoráveis”, como primariedade, endereço fixo, atividade lícita e família constituída.

Decisão de 1ª instância detalhava esquema milionário

A prisão havia sido determinada em 24 de novembro pelo juiz Fábio Petengill, da 2ª Vara Criminal de Lucas do Rio Verde, em uma decisão de 19 páginas que descreve o que chamou de “robusto esquema criminoso” de desvio de energia, corrupção e fraude processual. Segundo a investigação, o empresário seria o líder da organização, responsável por coordenar ligações clandestinas e adulterações em diferentes propriedades rurais.

A Polícia Civil aponta que o prejuízo inicial informado pela concessionária Energisa supera R$ 1 milhão, mas fontes ligadas ao caso afirmam que o montante real pode ultrapassar R$ 7 milhões, considerando o período de atuação e o volume das áreas atendidas de forma irregular.

Tentativa de apagar provas pesou na prisão

Um dos pontos mais graves citados pelo juiz foi a tentativa de destruição de provas digitais. De acordo com o documento, o empresário, já detido, teria orientado uma colaboradora a apagar conversas, excluir registros e desinstalar aplicativos do celular apreendido pela polícia. O magistrado classificou o ato como “fraude processual deliberada”, reforçando o risco à instrução criminal.

“Há prova cabal da tentativa de destruição de evidências digitais”, escreveu Petengill.

O juiz também destacou que o suspeito manteve práticas fraudulentas mesmo após ser preso em flagrante, demonstrando comportamento “audacioso, afrontoso e reiterado”.

TJ muda o cenário e concede liberdade

Apesar da gravidade descrita pela 1ª instância, o Tribunal de Justiça entendeu que a prisão preventiva deveria ser revista. Ao conceder liberdade mediante fiança milionária, o desembargador Marcos Machado afirmou que a análise do habeas corpus se limita à legalidade da prisão e que obstáculos processuais não podem “prevalecer sobre a liberdade”.

A rapidez da decisão causou estranhamento entre operadores do direito, já que contrapôs diretamente os argumentos sólidos utilizados pelo juiz de base para justificar a detenção.

Funcionários seguem presos

Enquanto o empresário recuperou a liberdade em poucas horas, dois colaboradores envolvidos na investigação — um terceirizado da Energisa acusado de manipular ordens internas e um técnico responsável por adulterar medidores — continuam detidos. Eles são apontados como operadores diretos do esquema e, segundo os autos, agiam subordinados ao empresário.

Investigação continua

A Polícia Civil segue com a análise de celulares, conversas, documentos e movimentações financeiras, além de novas quebras de sigilo e mandados de busca. O objetivo é mapear a extensão do esquema e identificar outros possíveis envolvidos.

A disparidade entre as decisões judiciais uma com narrativa detalhada justificando a prisão, outra autorizando a soltura com fiança reacendeu o debate sobre tratamento desigual entre investigados e a velocidade com que o caso tramitou no Tribunal.

Por Nortão

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