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‘Achei que era brincadeira’, afirma médica que atendeu mulher com bebê reborn em UPA de MT

‘Achei que era brincadeira’, afirma médica que atendeu mulher com bebê reborn em UPA de MT

Faltavam 10 minutos para acabar o plantão de domingo (26), quando Erika Baldo, médica pediatra, foi chamada pelas enfermeiras na UPA de Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, para atender uma mulher com um “bebê reborn” — um boneco hiper-realista.

Ao g1, Erika contou que custou a acreditar que fosse verdade e desconfiou que fosse uma brincadeira. Mas não era.

“Eu fiquei chocada, não sabia o que falar, então perguntei: ‘o que aconteceu?’. E ela me disse que ele [bebê reborn] estava um pouco gripadinho e tinha acabado de trocá-lo porque tinha feito cocô. E ela disse que queria passar por consulta, e não foi aberta ficha”, disse.

Erika disse que a jovem aparentava ter entre 18 e 20 anos. Com receio de provocar uma reação explosiva, a médica preferiu explicar à jovem que o bebê reborn não poderia ser atendido porque não tinha cartão SUS e tampouco CPF.

“Isso é caso de encaminhar para o CAPS, porque ela poderia estar em surto. E quando falamos que não teria atendimento, ela ficou revoltada”.

A jovem acompanhava a mãe, que estava gripada, e aproveitou para pedir que o boneco também fosse atendido.

“As enfermeiras não sabiam o que falar. Então, eu disse para ela [a jovem] que não poderíamos abrir ficha, porque não tem CPF, não tem cartão SUS, e ela perguntou se não poderia nem dar uma olhadinha, e disse que não”.

Erika contou que nunca havia se deparado com um caso assim antes, mas já atendeu casos psiquiátricos, e essa situação na UPA poderia ser diagnosticada dessa forma.

“Às vezes tem pacientes com surtos de mania e outros só têm confusão. Acho que era um caso psiquiátrico, porque ela estava bem preocupada, com bolsa de maternidade, com fralda e roupa, e segurava o bebê como se fosse real, com todo cuidado”, contou.

Em nota, a Superintendência das Unidades de Pronto Atendimento de Várzea Grande informou que os “atendimentos devem ser destinados a pacientes que realmente necessitam de cuidados médicos, evitando assim prejuízos à assistência prestada à população”.

O que é bebê reborn?

 

O termo vem do inglês e significa “renascido”, fazendo referência a customização de bonecas antigas na Segunda Guerra Mundial. De lá para cá, os bonecos foram se popularizando e ficando cada vez mais realistas.

Alguns modelos priorizam detalhar mais a boca, cílios e mãos para ficar mais parecido com um recém-nascido e, em alguns casos, chegam a ter cabelos humanos.

No Brasil, os bonecos ganharam destaque após um grupo de mulheres ter promovido um encontro de “mães e bebês reborn” em abril deste ano no Parque Ibirapuera, em São Paulo.

O assunto chegou a ser discutido em um projeto de lei que estabelece multa de mais de R$ 30 mil para quem usar um bebê reborn para conseguir atendimento preferencial, prioridade em filas, descontos ou outros benefícios destinados a crianças de colo e responsáveis.

Por G1 MT

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