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Vítimas de feminicídio em Mato Grosso tinham entre 18 e 49 anos, revela relatório da PJC-MT

Vítimas de feminicídio em Mato Grosso tinham entre 18 e 49 anos, revela relatório da PJC-MT

Um relatório obtido com exclusividade pela equipe do RBT News, junto à assessoria da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso (PJC-MT), revela que a maioria das vítimas de feminicídio no estado tinha entre 18 e 49 anos. O documento, referente ao primeiro semestre de 2025 e elaborado pela Diretoria de Inteligência da PJC, mostra que 70% das mulheres assassinadas por razões de gênero estavam nessa faixa etária, período considerado o auge da vida produtiva e afetiva.

“Essa faixa etária coincide com o período em que as mulheres costumam estar em relacionamentos e também mais expostas à dependência emocional ou econômica dos parceiros”, destaca o relatório.

Discussões e fim do relacionamento estão entre os principais motivos

Segundo o documento, 85% dos feminicídios em Mato Grosso ocorreram em contexto de violência doméstica, e os principais motivos diretos foram discussões de casal (30%) e o término da relação (30%). Outros fatores citados foram o ciúme e o controle excessivo por parte dos agressores (15%) e o menosprezo à condição de mulher (11%).

Casos pontuais envolveram vingança, tentativa de ocultar gravidez ou surtos comportamentais, evidenciando a presença de padrões de dominação e posse.

“Os motivos que impulsionam o feminicídio estão diretamente ligados à dificuldade de aceitar o protagonismo e a autonomia feminina. Em muitos casos, o agressor vê o fim da relação como uma perda de poder sobre a vítima”, analisa o relatório.

Crimes acontecem principalmente dentro de casa

O levantamento também aponta que 78% dos feminicídios ocorreram dentro da residência da vítima, e 59% aconteceram à noite — períodos em que há maior convivência entre o casal. A arma branca foi o meio mais utilizado (44%), seguida pela arma de fogo (33%).

Para os investigadores, os números mostram que a violência contra mulheres ainda é, em grande parte, um crime previsível, resultado de um ciclo de agressões e controle que raramente é interrompido a tempo.

O relatório obtido pela equipe do RBT News reforça a urgência de políticas públicas voltadas à prevenção, proteção e fortalecimento da autonomia feminina, especialmente entre mulheres jovens e em situação de vulnerabilidade social.

Por Ana Flávia Moreira/RBT NEWS

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