Sorriso-MT tem 130 mil moradores,porém mais de 200 mil cartões do SUS: excesso acende alerta sobre sobrecarga na saúde
O município de Sorriso, no médio-norte de Mato Grosso, enfrenta um cenário inusitado —e preocupante no sistema público de saúde. Apesar de contar com uma população estimada em cerca de 130 mil habitantes, conforme os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de cartões do SUS (Sistema Único de Saúde) ativos no município ultrapassa os 200 mil.
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A discrepância foi tema de discussão na Câmara Municipal e também em reuniões internas da Secretaria de Saúde. De acordo com o vereador Darci Gonçalves, o número excessivo de cadastros pode indicar que pessoas de outros municípios ou até de outros estados estão utilizando os serviços de saúde de Sorriso, o que tem gerado sobrecarga nas unidades básicas e no hospital regional.
“A conta não fecha. Temos cerca de 130 mil moradores, mas mais de 200 mil cartões do SUS cadastrados aqui. Não tem como manter um sistema de saúde funcionando de forma plena dessa forma”, destacou o parlamentar.
A sobrecarga não é apenas estatística. O reflexo disso é sentido nas longas filas de espera, falta de especialistas e na pressão constante sobre os profissionais da saúde. Segundo apurações, o município possui pouco mais de 70 mil eleitores, outro número que reforça a disparidade no volume de atendimentos realizados.
Atendimento universal, responsabilidade ampliada
O SUS é um sistema de acesso universal e gratuito, o que significa que qualquer cidadão brasileiro pode ser atendido em qualquer parte do país. Isso, no entanto, tem exigido de Sorriso uma estrutura muito além da sua capacidade administrativa.
“Você não pode negar atendimento. A pessoa chegou, precisa de atendimento, vai ser acolhida. Mas isso acaba pesando muito para a nossa rede municipal”, explicou o vereador Darci.
A cidade é considerada referência em saúde na região, o que atrai pacientes de municípios vizinhos. Porém, o uso excessivo do cartão SUS local, mesmo por quem não reside oficialmente em Sorriso, pode estar distorcendo os dados e impedindo o repasse adequado de recursos por parte dos governos estadual e federal.
Por Ana Flávia Moreira
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