Sem conta bancária, trabalhadores resgatados em MT recebem R$ 400 mil em dinheiro
Os 20 trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão em Nova Maringá (MT) começaram a receber, nesta sexta-feira (19), os valores referentes às verbas rescisórias. O montante ultrapassa R$ 400 mil e, como parte do grupo não tinha conta bancária nem documentos pessoais, o pagamento foi feito em dinheiro.
A Defensoria Pública da União fez a defesa dos trabalhadores resgatados e acompanhou a liberação dos recursos. O objetivo foi garantir que todos tivessem acesso imediato ao dinheiro, mesmo sem a documentação necessária para abertura de contas.
Entre os resgatados estavam adolescentes, mulheres e até idosos. Eles viviam em condições degradantes. Alguns dormiam em contêineres sem ventilação, outros em barracos de lona improvisados, sem camas, banheiro ou água potável.
Segundo Amarildo Borges de Oliveira, chefe da fiscalização do Ministério do Trabalho de Mato Grosso (MTE), os trabalhadores precisavam caçar, pescar e retirar água de um córrego para sobreviver.
Ainda de acordo com o MTE, 16 trabalhadores não tinham carteira assinada e recebiam apenas por produtividade. Outros quatro tinham registro formal, mas parte do salário era paga “por fora”.
O grupo trabalhava na retirada de madeira em uma fazenda no distrito de Brianorte, em Nova Maringá. O local era isolado, a mais de 120 quilômetros da cidade mais próxima. No local, não tinha transporte regular, mantendo os trabalhadores confinados.
Os trabalhadores são de outros municípios de Mato Grosso, e também do Pará e Maranhão. Eles foram atraídos por falsas promessas de carteira assinada, além de outros direitos trabalhistas.
Depois do resgate, eles receberam também guias de seguro-desemprego e serão acompanhados pelo Projeto Ação Integrada, que oferece acolhimento e cursos de qualificação para ter acolhimento e apoio na volta ao mercado de trabalho.
A Polícia Federal investiga a cadeia de responsabilidades, já que a madeira pertencia a uma fazenda que contratou uma empresa terceirizada para o serviço. Além da indenização paga, os contratantes ainda podem ser multados e responder a processo na Justiça.
Por Primeira Página




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