Quatro aldeias indígenas de MT são alvos de operação contra exploração sexual de crianças e adolescentes

Uma operação policial realizada nesta segunda-feira (13) está apurando denúncias de crimes sexuais envolvendo adolescentes em quatro aldeias indígenas no município de Comodoro, localizado a mais de 600 km de Cuiabá. As comunidades indígenas Manduca, Inajá, Primavera e Figueira foram alvos da ação, que busca esclarecer casos de abuso sexual, aliciamento digital e distribuição de conteúdo impróprio a menores de idade.

De acordo com as autoridades, cinco homens indígenas estão sob investigação. As apurações tiveram início após o resgate de duas meninas, ambas com 13 anos, encontradas em situação de abandono próximo à BR-174, em uma área próxima às aldeias.

Durante a investigação, a polícia localizou em dispositivos eletrônicos das vítimas conversas com conteúdo sexual explícito, que indicam aliciamento e combinação de encontros com adultos. O material também apontou o envio de imagens e pedidos de conteúdo íntimo.

Rede criminosa e mais suspeitos

O delegado responsável pelo caso, Mateus Almeida Oliveira Reiners, informou que há indícios de que os investigados fazem parte de um grupo articulado. A operação ainda não concluiu o número total de envolvidos, e outros suspeitos podem ser identificados ao longo da apuração.

Durante a ação, os cinco suspeitos foram conduzidos à delegacia. Eles prestaram depoimento, e os aparelhos celulares foram apreendidos para análise técnica.

Preocupação com a vulnerabilidade nas aldeias

A presidente da Federação dos Povos Indígenas de Mato Grosso (FepoiMT), Eliane Xunakalo, comentou que a situação está sendo acompanhada de perto e relacionou os riscos à presença de atividades ilegais, como o garimpo na região da Terra Indígena Nambikwara.

“Infelizmente, sabemos que esse tipo de atividade ilegal traz ameaças graves. Esperamos que as autoridades avancem na investigação e que os responsáveis sejam responsabilizados”, afirmou Eliane.

A região já havia sido alvo de fiscalização por crimes ambientais. Em ações anteriores, foram apreendidas escavadeiras e outros maquinários utilizados em garimpo e desmatamento.

A Polícia Civil segue investigando o caso, que envolve crimes de estupro de vulnerável, corrupção de menores e uso de meios digitais para aliciamento. As autoridades ainda apuram se há duplicidade de benefícios sociais entre os suspeitos e outras possíveis conexões com crimes cometidos fora das aldeias.

Até o momento, a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) ainda não se manifestou sobre o caso.

Por Ana Flávia Moreira/Jornalista
Fonte:G1 MT

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