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Operação Carta Contemplada desmantela quadrilha de consórcios fraudulentos em Sinop; cinco são presos

Operação Carta Contemplada desmantela quadrilha de consórcios fraudulentos em Sinop; cinco são presos

A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, na manhã desta sexta-feira (14), a Operação Carta Contemplada, que desmantelou um grupo especializado em aplicar golpes com a venda de falsas cartas de crédito supostamente já contempladas no município de Sinop. A ação é resultado de uma investigação conduzida pela equipe da 1ª Delegacia de Polícia, que trabalhou por vários meses no rastreamento da atividade criminosa.

Golpe usava estrutura empresarial para simular legalidade

Segundo as apurações, os estelionatários operavam com uma estrutura que imitava uma empresa regular. As vítimas eram atraídas por ofertas de cartas de crédito para imóveis e veículos, apresentadas como “contempladas de imediato” — algo impossível dentro das regras de consórcios no Brasil. Para garantir a suposta liberação rápida, os criminosos exigiam pagamentos que chegavam, em média, a R$ 50 mil por pessoa.

Apesar de, em alguns casos, os suspeitos terem aberto consórcios reais, a prática servia apenas para prolongar o golpe. Isso porque nenhum consórcio permite contemplação automática: a liberação do crédito ocorre apenas por sorteio ou lance, mediante regras definidas pelas administradoras autorizadas.

Quadrilha ficava com até 90% do dinheiro das vítimas

O delegado Ugo Reck de Mendonça, responsável pela investigação, explicou que o golpe tinha alto grau de premeditação.

“Eles iludiam as vítimas garantindo que, ao pagar valores altos, seriam contempladas automaticamente. Mas o consórcio não funciona assim. Quem determina a contemplação é o sistema de sorteio ou o maior lance ofertado. Eles vendiam a certeza de algo que não existe”, afirmou.

A investigação mostrou que cerca de 90% de tudo que era pago pelas vítimas nunca chegava ao consórcio.

“Pegavam, por exemplo, R$ 50 mil, depositavam apenas R$ 2 mil no consórcio e embolsavam o restante. Era uma estratégia para criar aparência de legalidade e manter o golpe funcionando”, detalhou o delegado.

Lojas físicas e presença digital ajudavam a atrair vítimas

Para reforçar a credibilidade do esquema, o grupo abriu três lojas físicas em endereços distintos e ainda mantinha páginas na internet com forte apelo comercial. A quadrilha utilizava contratos elaborados, linguagem técnica do mercado de consórcios e atendimento profissional para transmitir confiança.

Mesmo assim, nenhuma das vítimas recebeu a carta contemplada prometida. Muitas só descobriram a fraude ao procurar as administradoras de consórcios para conferir o suposto crédito.

Cinco presos e prejuízo ainda em apuração

A operação deflagrada nesta sexta-feira resultou na prisão de cinco integrantes do esquema. A Polícia Civil também cumpriu mandados de busca e apreensão em locais ligados à quadrilha.

O prejuízo total ainda é desconhecido: novas vítimas têm procurado a delegacia após a divulgação da operação, e os investigadores acreditam que o número de lesados seja bem maior que o estimado inicialmente.

As investigações continuam e podem resultar em novas prisões, bloqueios judiciais e rastreamento de valores desviados.

Polícia reforça alerta sobre supostas “cartas contempladas”

A Polícia Civil orienta que consumidores jamais aceitem propostas de contemplação imediata, pois esse mecanismo não existe no sistema oficial de consórcios. Antes de fechar qualquer negócio, é fundamental verificar se a empresa é autorizada pelo Banco Central e desconfiar de ofertas que prometem vantagens fora da realidade do mercado.

Por Ana Flávia Moreira/RBT NEWS

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