Mato Grosso inova em preservação ambiental e lança modelo inédito de remuneração pela floresta em pé
O Governo de Mato Grosso deu um passo histórico na preservação ambiental ao firmar, durante a Semana do Clima em Nova York, um convênio inédito com a organização internacional O.N.E. Amazon. A parceria prevê a captação de US$ 100 milhões por meio do mercado financeiro, em um modelo inovador de remuneração para conservação ambiental: a tokenização de ativos ambientais, ou seja, transformar áreas preservadas em ativos digitais comercializáveis.
A iniciativa, a primeira do tipo no Brasil, irá garantir a proteção de 100 mil hectares de floresta nos Parques Estaduais Cristalino I e II, localizados na região Norte do Estado, entre os municípios de Novo Mundo e Alta Floresta.
Segundo a secretária estadual de Meio Ambiente, Mauren Lazzaretti, o projeto representa um novo modelo de economia verde, que une inovação tecnológica, valorização da biodiversidade e inclusão socioeconômica.
“Somos o primeiro estado brasileiro a receber remuneração não apenas pelo carbono, mas também pela manutenção da biodiversidade. Mato Grosso mostra que é possível produzir e conservar, já que mantemos 60% do território preservado”, destacou a secretária.
Natureza como ativo global
De acordo com Lazzaretti, a proposta vai além da proteção ambiental. A meta é transformar a natureza e a cultura local em ativos globais sustentáveis, sem abrir mão de sua essência.
“Nosso objetivo é exportar confiança, inovação e estabilidade. Podemos tokenizar não apenas florestas, mas também águas, terras raras, minerais e até mesmo nossas línguas e tradições indígenas”, afirmou.
O modelo irá captar recursos por meio da comercialização de tokens no mercado financeiro global. Esses ativos digitais representam o valor da floresta conservada e serão adquiridos por investidores institucionais e governamentais interessados em financiar ações sustentáveis.
A distribuição dos recursos será feita da seguinte forma:
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70% (US$ 70 milhões) irão para um fundo estadual destinado ao desenvolvimento sustentável e conservação;
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15% serão direcionados ao Governo de Mato Grosso;
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15% ficam com a O.N.E. Amazon, responsável pela operação e comercialização dos tokens.
Com isso, 85% dos recursos permanecerão no estado, fortalecendo a conservação e o desenvolvimento de soluções sustentáveis.
Tecnologia e monitoramento em tempo real
Um dos diferenciais do projeto é a adoção da Internet das Florestas (IoF™), sistema que integra monitoramento via satélite, sensores terrestres, tecnologia LiDAR e conectividade por redes LoRaWAN e Wi-Fi. A ferramenta garantirá a coleta de dados ambientais em tempo real, oferecendo subsídios para decisões políticas, científicas e econômicas mais precisas.
Mais que commodities: Mato Grosso e a nova economia verde
Durante o evento, a comitiva mato-grossense,formada por representantes da Secretaria de Meio Ambiente, Comunicação, Ministério Público e outros órgãos estaduais, reforçou a posição do estado como protagonista na transição para uma nova economia verde.
“Não somos apenas exportadores de soja, milho ou carne. Mato Grosso quer liderar uma revolução sustentável que conecta biodiversidade, energia limpa e tecnologia de ponta”, afirmou Lazzaretti.
Sobre a O.N.E. Amazon
A O.N.E. Amazon é uma organização internacional voltada à captação de investimentos para conservação e restauração da Amazônia. A parceria com Mato Grosso inclui ações não apenas na floresta amazônica, mas também nos outros dois biomas do estado: Cerrado e Pantanal.
De acordo com o CEO da organização, Rodrigo Veloso, o convênio não implica em transferência de propriedade dos parques, mas sim no financiamento de sua preservação.
“A floresta continua pertencendo ao estado. O que estamos fazendo é garantir que ela valha mais em pé do que destruída. Isso é economia regenerativa na prática”, concluiu.
Por Ana Flávia Moreira/Jornalista




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