Justiça retoma caso de soldado morto durante treinamento do Exército
A Justiça Federal agendou para o dia 25 de setembro uma nova audiência sobre a morte do soldado Rafael Luz Marques Pereira, de 18 anos, ocorrida em abril de 2020 durante um treinamento militar do Exército Brasileiro, em Rondonópolis. A audiência será realizada na Vara Federal Cível e Criminal de Barra do Garças.
O caso, que estava parado há alguns anos, foi retomado após a apresentação de novas mensagens de WhatsApp pela família, que apontariam indícios de tortura e omissão de socorro. O Exército havia arquivado o inquérito militar por falta de provas, mas a Justiça decidiu reabrir as investigações com base nas novas evidências.
Rafael havia ingressado recentemente no quartel e passou mal durante um treinamento realizado em 7 de abril de 2020. Segundo a família, ele era saudável, praticava esportes e não apresentava histórico de doenças. Após o mal-estar, o jovem foi atendido inicialmente na sede do quartel e, em seguida, encaminhado à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Rondonópolis.
De acordo com o boletim médico da Secretaria Municipal de Saúde, Rafael chegou à UPA com febre, desidratação, vômito, desorientação e dores intensas, mas não conseguia falar, apenas reagia. Ele também apresentava sinais de comprometimento renal. Na mesma noite, foi transferido para um hospital particular, mas morreu três dias depois, em 10 de abril. O atestado de óbito apontou como causa da morte falência múltipla dos órgãos e choque séptico — condição grave em que uma infecção se espalha rapidamente pelo corpo, afetando diversos órgãos.
À época, o Exército lamentou a morte do jovem em nota oficial e informou que prestava apoio à família. No entanto, os pais de Rafael registraram um boletim de ocorrência na Polícia Civil por suposto crime de tortura, alegando que o socorro foi prestado de forma tardia e ineficiente.
A mãe do soldado, Evaneide Luz Marques, relata que a dor da perda ainda é imensurável e que a família “nunca mais foi a mesma”. Segundo ela, a luta por justiça continua para que a morte do filho não seja esquecida.
“Meu filho era saudável, sonhador. Ele morreu nas mãos de quem deveria protegê-lo”, afirmou.
Por Primeira Página
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