Jornalista Roberto Santos relembra episódio em que foi taxado de mentiroso durante a pré-campanha eleitoral
Durante participação do podcast Poder & Prosa, o jornalista Roberto Santos revisitou um dos episódios mais tensos de sua carreira: a noite em que foi chamado de mentiroso após publicar, com exclusividade, a informação de que existia um acordo político envolvendo o então pré-candidato a prefeito e a chapa liderada por Acácio. O caso ocorreu no ano passado, durante o período pré-eleitoral, e provocou forte reação pública e até ataques vindos de colegas da imprensa.
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Segundo Roberto, tudo começou quando uma fonte “segura e presente dentro da reunião” relatou que o candidato havia aceitado compor a chapa como vice. Ele explicou que recebeu a informação em tempo real, enquanto o encontro ainda ocorria.
“Eu tinha uma fonte lá, em loco, dentro da sala. Quando terminou o acordo, a informação chegou pra mim”, disse.
Mesmo sabendo da sensibilidade do assunto, Roberto optou por publicar.
“Fui o único da imprensa que deu a notícia ”, afirmou. A decisão, porém, desencadeou horas de críticas intensas. “O pau quebrou a noite inteira. Fui atacado pela população, por parte da imprensa e chamado de mentiroso”, relembra.
No dia seguinte, a situação piorou quando o próprio candidato negou publicamente a existência do acordo. A declaração colocou Roberto no centro de uma onda de desconfiança.
“O resultado disso é que todo mundo me chamou de mentiroso. Tinha meio de comunicação da cidade me desmentindo. Teve colega que não teve hombridade”, lamentou.
Mesmo pressionado, ele sustentou a reportagem. Segundo Roberto, havia um motivo claro para não recuar: ele sabia que a reunião tinha sido gravada.
“Eu fiquei quieto. Eu sabia da existência do vídeo. Pensei: vou esperar. Vamos ver quem é que está mentindo.”
Meses depois, já no meio da campanha, o vídeo finalmente chegou às suas mãos. Nas imagens, segundo ele,o candidato, de pé à frente da mesa, participa do momento em que o acordo teria sido selado.
A princípio, Roberto queria publicar imediatamente.
“Eu estava com muita raiva. Queria entrar na mesma noite e soltar tudo”, contou. A decisão, no entanto, foi adiada após conselho de um amigo. No dia seguinte, com mais calma, publicou a prova.
“Eu disse: muita gente me chamou de mentiroso. Mas aqui está a prova de que a reunião aconteceu.”
Segundo o jornalista, foi nesse momento que começou a recuperar credibilidade com parte do público.
Roberto ressaltou que sua postura firme está ligada ao compromisso com a apuração.
“Se eu dei a notícia, é porque investiguei. Dificilmente volto atrás. Eu peguei de fonte confiável, não venham com esse negócio”, afirmou.
O caso, que marcou a cobertura eleitoral do município, virou exemplo, segundo ele, de como pressões políticas e o imediatismo das redes sociais podem tentar deslegitimar o trabalho jornalístico, especialmente quando feito de maneira independente.




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