Jornalista questiona suposto racha no PL de Sorriso e presidente do PL Mulher responde

A política partidária em Sorriso tem revelado um cenário de contradições dentro do Partido Liberal (PL). Embora a sigla seja nacionalmente reconhecida por suas pautas conservadoras, vereadores do partido no município têm adotado posições distintas e, em alguns momentos, alinhadas a bandeiras associadas à esquerda. A divergência tem chamado atenção de eleitores e levantado questionamentos sobre coerência ideológica.

O tema foi debatido durante entrevista do jornalista Roberto Santos, do podcast RBT News, com a presidente do PL Mulher de Sorriso, Rose Gotardo, e a presidente estadual do PL Mulher em Mato Grosso, Gislaine Yamashita.

Logo no início da entrevista, Roberto expôs a contradição:


“Vamos aos fatos: no PL temos o vereador Emerson Farias, que é pró-governo. E no mesmo partido temos a vereadora Jane Delalibera, que é oposição. Como o eleitor pode entender isso? Como pode o mesmo partido seguir duas direções?”

Coalizão como justificativa

Ao ser questionada sobre uma possível divisão interna, Rose respondeu:
“Eu acredito que ali, cada um defende conforme a sua cabeça e conforme foi apoiado na eleição. Porque aqui em Sorriso tem muito dessa questão de política de coalizão.”

A fala, porém, abre espaço para dúvidas sobre a autonomia partidária. O discurso sugere que interesses individuais e arranjos políticos podem se sobrepor às bandeiras que o PL defende e às promessas feitas durante a campanha eleitoral.

Roberto reforçou que o eleitorado observa com atenção as movimentações dos parlamentares:
“Nitidamente a gente vê que um está contra e o outro é a favor. Não parece que o partido precisa se orientar pela sua ideologia? O vereador se elege por uma bandeira, pelo posicionamento do partido. Na sua visão, o PL tem buscado esse realinhamento interno? Ou cada vereador pode seguir a linha que quiser?”

Divergências sobre temas sensíveis

Ao comentar especificamente o posicionamento da vereadora Jane Delalibera em pautas polêmicas, como debates envolvendo o MST, Rose afirmou que decisões sobre conduta partidária não cabem ao diretório municipal:
“Essa questão ideológica, o que ela defende ou deixa de defender, quem vai decidir é a estadual, não vai ser a municipal. E ponto.”

Nesse ponto, Gislaine Yamashita complementou destacando o valor central do PL na defesa da propriedade privada:
“Nós sabemos que defendemos a propriedade privada, somos contra invasão de terras. Então a Jane, enquanto vereadora do partido, deve saber qual conduta deve ter. Não sei o motivo da postura dela em determinado momento. Mas uma coisa eu digo: o PL defende a propriedade privada.”

Partido busca condução estadual

Ambas reforçaram que diferenças existem e que o alinhamento ideológico deve prevalecer, cabendo ao diretório estadual conduzir eventuais correções internas. O debate, no entanto, deixa evidente que a atuação dos vereadores do PL em Sorriso segue dividida e sob constante observação do eleitor que cobra coerência entre discurso e prática.

Por Ana Flávia Moreira/RBT NEWS

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