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Inquilina usa celular de ‘idosa em luto’ e desvia mais de R$ 90 mil em PIX em MT

Inquilina usa celular de ‘idosa em luto’ e desvia mais de R$ 90 mil em PIX em MT

A Polícia Judiciária Civil em Juína, em Mato Grosso, cumpriu nesta quinta-feira (20) um mandado de busca e apreensão em investigação relacionada a um caso de estelionato majorado e furto qualificado por abuso de confiança, que resultou na subtração de cerca de R$ 94 mil da conta bancária de uma idosa de 61 anos que recentemente perdeu o filho especial. Ela está muito abalada e conversou com o Juína News.

Segundo a delegada responsável pelo caso, Dra. Luceni Ferreira Santana, a vítima havia solicitado ajuda à sua inquilina para realizar um PIX no valor de R$ 28, referente a uma conta de energia elétrica. No entanto, aproveitando-se da confiança e do acesso às credenciais bancárias, a suspeita passou a movimentar a conta de forma ilícita. Inicialmente, as transferências eram de valores menores, entre R$ 200 e R$ 800, mas logo os valores aumentaram para R$ 2 mil e até R$ 5 mil.

Ao longo de pouco tempo, a investigada, Sayuri Hesman Lopes, passou a pegar emprestado o celular da vítima diversas vezes e conseguiu desviar quase R$ 94 mil. Parte do dinheiro foi transferida para quatro contas de moradores de Juína, mas a maior parte, aproximadamente R$ 60 mil, foi utilizada em plataformas de jogos online, que, conforme explicou a delegada, “são usadas para lavar dinheiro de golpes, seja de estelionato, seja de furto qualificado pelo abuso de confiança”.

Nas buscas realizadas em sua residência na rua Júpiter no bairro Módulo – 04, a Polícia Civil apreendeu diversos bens adquiridos com o dinheiro subtraído, entre eles uma moto Bros seminova, móveis e eletrodomésticos como cama, fogão e mesa de cozinha, além de produtos comprados em sites de e-commerce. Os bens apreendidos estão em posse da idosa como parte do ressarcimento do prejuízo. A delegada observou que, embora os bens não representem “nem 10% do valor que foi subtraído, a vítima já ficou feliz em ver que houve uma ação, um resultado, e que a Polícia está correndo atrás para recuperar o máximo possível”.

Emocionada a vítima, disse que ainda permanece de luto devido a perda do filho a poucos dias, e que o dinheiro seria para utilizar na sua “velhice”, e agradeceu o esforço da polícia nesse caso.
A investigação segue em andamento e, segundo a delegada, já existem provas robustas da prática criminosa, o que deve levar à responsabilização da autora no curso do processo.

Durante a entrevista a delegada fez questão de lançar um alerta à população sobre os riscos relacionados ao uso de celulares e plataformas digitais. Ela destacou que muitas pessoas ainda têm dificuldades com transações bancárias digitais e acabam aceitando ajuda de terceiros, mas lembrou que “o celular é como um documento. É algo pessoal, que não deve ser emprestado a ninguém, porque nunca se sabe qual a intenção da pessoa. Se for pedir ajuda, peça a um filho, a alguém de absoluta confiança, ou vá até uma agência bancária. Evite pedir auxílio a estranhos, pois muitas vezes, no momento da ajuda, a pessoa pode gravar sua senha ou realizar uma transferência sem que você perceba”.

Um ponto de destaque no caso foi o uso de plataformas de jogos como meio para movimentar o dinheiro ilícito. De acordo com a delegada Luceni, dificilmente os valores — mais de R$ 60 mil — serão recuperados, pois é necessário comprovar que as compras nessas plataformas foram usadas para lavagem de dinheiro. “Ninguém nunca ganha nesses jogos. Eles são apenas um meio de lavar dinheiro. É um golpe sem volta, porque dificilmente conseguimos reaver os valores desviados, e muitos golpes financeiros acabam em tragédias pessoais, inclusive com casos de suicídio diante do desespero das vítimas”, ressaltou.

A suspeita foi encaminhada para à delegacia de polícia logo após o cumprimento da ordem judicial.

Por Juína News

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