Funcionárias de pedágio da BR-163 denunciam assédio e xingamentos em MT
Funcionárias que atuam nas cabines de pedágio da BR-163 em Mato Grosso relataram situações diárias de assédio e xingamentos praticados por motoristas durante o atendimento na rodovia. Imagens registradas pelas câmeras de segurança da concessionária responsável pela rodovia mostram casos de importunação sexual e agressões verbais contra as operadoras.
Maria Lúcia Mota, que trabalha como operadora em uma das praças perto de Cuiabá há mais de 10 anos, contou que episódioso de desrespeito se tornaram rotina.
“Todos os dias acontece uma coisa diferente. O dia que não é xingamento, são cantadas indecentes. Tem gente que não quer pagar o pedágio e acha que a culpa é nossa”, relatou.
Segundo a concessionária, os episódios têm sido registrados nas nove praças que administram cerca de 850 km da BR-163 em Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Pará e Rondônia.
Cada praça de pedágio possui em torno de 40 câmeras de monitoramento. Antes instaladas apenas para fiscalizar irregularidades de trânsito, algumas delas foram reposicionadas para registrar também casos de assédio e importunação sexual.
As imagens mostram motoristas xingando funcionárias, expondo órgãos genitais e até descendo do carro para tentar praticar o crime.
Wilson Medeiros, diretor de operações e tecnologia da concessionária, afirmou que o material é preservado e encaminhado à polícia quando necessário.
“Chegou o usuário e foi importunador, nós imediatamente reservamos as imagens. Se for um caso grave, a polícia é chamada e as funcionárias recebem acolhimento. O material fica guardado e pode ser usado na investigação judicial”, explicou.
Campanha de prevenção
Além das câmeras, todas as cabines foram adesivadas com mensagens de alerta. As operadoras também distribuem panfletos para conscientizar os usuários sobre os crimes de assédio e importunação sexual.
Motoristas ouvidos pela reportagem apoiaram a iniciativa e destacaram a importância de mais respeito no atendimento às funcionárias.
Dados e repercussão
De acordo com o Anuário Brasileiro de Segurança Pública de 2025, Mato Grosso registrou 518 casos de assédio e 971 de importunação sexual no último ano.
Para Margareth Gugelmin Okada, coordenadora da Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), a medida pode ser adotada em outras regiões.
“É uma iniciativa importante, porque pode ser replicada por outras concessionárias e garantir mais segurança às mulheres no ambiente de trabalho”, afirmou.
O que diz a lei
Segundo o Código Penal, o assédio sexual ocorre em relações de trabalho, quando alguém em posição de hierarquia constrange a vítima para obter vantagem sexual. Pena: de 1 a 2 anos de prisão.
Já a importunação sexual: qualquer ato de cunho sexual sem o consentimento da vítima. Pena: de 1 a 5 anos de prisão.
Por Primeira página
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