Empresário vítima de metanol vai processar hospital e mercado em MT
O empresário Igor Thomae Rodrigues, de 27 anos, morador de Água Boa, viveu dias de desespero após ingerir um uísque falsificado com alto teor de metanol. A bebida, da marca Ballantines, foi adquirida em um grande supermercado da cidade e resultou em uma intoxicação grave que levou o jovem à perda total temporária da visão. Ele também acusa o Hospital Regional Paulo Alemão de negligência no atendimento inicial.
O caso foi relatado por Igor em entrevista à TV Vila Real na última terça-feira (19). Ele contou que consumiu cerca de 700 ml do uísque, o equivalente a aproximadamente quatro doses. No dia seguinte, acordou sentindo sintomas muito além de uma ressaca comum, começando por fortes dores abdominais, vômitos e, horas depois, falta de ar. Assustado, ligou para o Corpo de Bombeiros, que o levaram ao hospital da cidade.
No entanto, segundo Igor, o atendimento recebido foi superficial e incompatível com o quadro de envenenamento. De acordo com seu relato, os profissionais limitaram-se a verificar se havia cheiro de álcool em sua boca e prescreveram apenas buscopan, dramin e soro, sem solicitar exames de sangue ou outros procedimentos capazes de identificar intoxicação por metanol.
“Eu lembro que eu levantei e passava a mão e via um vulto, a visão já estava muito baixa e diminuindo cada vez mais. Isso foi no sábado de madrugada, sábado de manhã já me deram alta. No domingo, eu acordei completamente cego, não enxergava nada, foi ai que voltei ao hospital”, relembrou.
Ao retornar ao hospital, a conduta médica permaneceu a mesma, o que fez a família decidir procurar atendimento privado. Uma médica acionada pela família abriu sua clínica para atendê-lo emergencialmente e constatou que o nervo óptico estava “branco”, sem irrigação, indicando lesão grave e avançada por intoxicação. A profissional orientou que ele fosse removido imediatamente para tratamento especializado.
Igor iniciou rapidamente o uso de eritropoetina e dexametasona (corticoide). Após cinco dias totalmente sem visão, ele começou a enxergar novamente, vendo inicialmente apenas sombras e vultos. A recuperação gradual devolveu sua autonomia. “Depois disso foi só alegria”, disse ele.
Durante a entrevista, o empresário afirmou que irá acionar judicialmente tanto o hospital quanto o supermercado que comercializou a bebida adulterada. Ele relatou ter sido informado pela Polícia Civil de que 71 garrafas do mesmo lote foram recolhidas, todas com rótulos adulterados.
Agora, aguarda o laudo da Pericia Oficial e Identificação Técnica (Politec) para confirmar a composição da substância encontrada nas garrafas. “Já foi decretado que os rótulos delas estavam totalmente adulterados, e agora a gente só está esperando a Politec, o laudo do que tinha dentro da garrafa, mas que a garrafa era falsa isso a gente já tem certeza, já foi passado para gente”, enfatizou.
Para Igor, denunciar é uma forma de evitar que novas vítimas passem pelo que ele enfrentou. “Fiquei sabendo de outros casos alí que houve negligência no Hospital pelos médicos e eu acho que a gente tem que cortar o ciclo. Uma hora pode ser um filho meu ou de alguém que está ouvindo essa entrevista. Eu tenho que fazer o que for possível”, desabafou.
Por Folha Max




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