EXCLUSIVO:Dados da PJC-MT revelam que a maioria das vítimas de feminicídio em Mato Grosso morreu mesmo após buscar proteção
Um levantamento exclusivo realizado pela equipe do RBT News, em contato com a assessoria da Polícia Judiciária Civil de Mato Grosso (PJC-MT), revela um dado alarmante: mesmo mulheres que haviam denunciado a violência ou possuíam medidas protetivas de urgência acabaram mortas em 2025.
ACESSE NOSSO GRUPO DE NOTÍCIAS
Os dados analisados constam no relatório oficial “Feminicídios em Mato Grosso – 1º semestre de 2025”, elaborado pela PJC-MT e pela Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), e mostram falhas graves na proteção às vítimas.
Segundo o levantamento, das 27 mulheres assassinadas entre janeiro e junho deste ano, apenas 7% haviam registrado boletim de ocorrência (BO) e 4% estavam com medidas protetivas em vigor no momento do crime.
Ainda assim, essas medidas não impediram os assassinatos em muitos casos, os autores descumpriram ordens judiciais e continuaram perseguindo e ameaçando as vítimas.

Vítimas que pediram socorro e não foram protegidas
Um dos casos mais emblemáticos é o da universitária de 27 anos, morta em Rondonópolis, em junho.
Ela havia terminado o relacionamento e obtido duas medidas protetivas,uma contra o ex-companheiro e outra de uma antiga vítima do mesmo agressor.
Mesmo assim, ele conseguiu invadir a residência da jovem. A vítima chegou a acionar o botão do aplicativo SOS Mulher, mas o suspeito já estava dentro da casa.
O assassinato ocorreu na frente de familiares, e o crime chocou a cidade.
Outro caso marcante foi registrado em Sinop, onde uma mulher de 33 anos foi morta na frente dos filhos pequenos, em maio, pelo ex-marido que também tinha medida protetiva expedida.
De acordo com a PJC, ele havia violado a restrição de contato diversas vezes, mas não chegou a ser preso preventivamente.
Em Nova Mutum, uma jovem de 22 anos, que havia procurado a polícia para relatar agressões anteriores, morreu queimada viva após ser amarrada e espancada pelo companheiro.
O caso foi classificado pela Delegacia Especializada de Defesa da Mulher (DEDM) como um dos mais brutais do semestre.

Os dados obtidos pela equipe do RBT News mostram que as medidas protetivas de urgência, previstas na Lei Maria da Penha, não foram suficientes para evitar os crimes.
Em muitos casos, as vítimas viviam em municípios sem Patrulha Maria da Penha, programa responsável por fiscalizar o cumprimento das ordens judiciais.
O relatório da PJC-MT aponta que:
93% das vítimas não haviam registrado BO;
7% registraram boletim de ocorrência, mas não tiveram acompanhamento contínuo;
4% possuíam medidas protetivas, mas foram mortas após o descumprimento da ordem judicial;
30% dos crimes ocorreram após o término da relação;
78% das mortes aconteceram dentro da casa da vítima;
e 37% dos agressores estavam sob efeito de álcool ou drogas.
A maioria dos crimes aconteceu à noite ou de madrugada, e 41% ocorreram nos fins de semana — períodos em que o policiamento é reduzido.
📍 Cidades que registraram feminicídios com medidas descumpridas
Entre as cidades onde as vítimas haviam buscado ajuda prévia estão:
Rondonópolis – universitária morta mesmo com duas medidas protetivas;
Sinop – vítima assassinada na frente dos filhos após o agressor violar ordem judicial;
Várzea Grande – mulher morta dentro de casa após insistir no término;
Nova Mutum – vítima queimou viva após registrar denúncia;
Cuiabá – jovem de 27 anos morta mesmo após acionar o botão SOS Mulher.
Esses casos, segundo a Polícia Judiciária Civil, representam a ponta de um problema estrutural, onde a denúncia não é suficiente se não houver acompanhamento ativo e proteção física.




Deixe uma resposta