Em meio ao debate sobre possíveis punições a servidores que comemoraram a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o deputado estadual Gilberto Cattani (PL) afirmou que, se fosse empresário, não demitiria funcionários de esquerda simplesmente porque “não contrataria nenhum”. A declaração foi dada durante entrevista nesta semana, quando o parlamentar voltou a defender posições rígidas sobre escolhas políticas e relações de trabalho.
Segundo Cattani, uma empresa privada deve ter total liberdade para contratar apenas pessoas alinhadas ao perfil desejado pelo proprietário.
“Se eu tivesse uma empresa e fosse contratar um funcionário, pra começar eu não iria demitir nenhum esquerdista, porque não iria contratar nenhum”, afirmou. Em seguida, justificou: “Eu não posso contratar uma pessoa que já entra na minha empresa sendo meu inimigo, meu adversário, que é a doutrina que eles pregam”.
Questionado sobre o direito à liberdade de expressão, argumento frequentemente usado por seus aliados,Cattani disse que esse princípio não se aplica à escolha de funcionários por um empreendedor.
“A empresa é minha, eu que mando nela. Eu gastei dinheiro pra investir nela, construí ela com meu suor e coloco nela quem eu quiser”, declarou.
Ao ser perguntado se exigiria posicionamento ideológico no currículo, o deputado respondeu que isso não seria necessário.
“Não preciso exigir no currículo. Eu só vou contratar quem eu conheço”, afirmou.
A entrevista também abordou como Cattani enxerga parlamentares com posicionamento político diferente do seu. Ele foi direto: considera adversários ideológicos como inimigos no campo das ideias.
“O senhor considera quem tem uma posição ideológica diferente do senhor como inimigo?”, perguntou o repórter. O deputado respondeu: “Sim. A ideologia dele sim”.
Apesar disso, Cattani frisou não se tratar de inimizade pessoal.
“Eles não são meus inimigos carnais, mas são meus inimigos ideológicos”, disse, citando colegas como Lúdio Cabral, Valdir Barranco, Mondial e Joaquim Luna, com quem, segundo ele, mantém convivência normal no Parlamento.
As declarações do deputado repercutiram nas redes sociais e alimentaram o debate sobre liberdade de expressão, ambiente de trabalho, pluralidade política e os limites da discricionariedade do empregador.

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