Brasileiro que ‘fabrica’ Aedes protetor é citado pela Nature entre cientistas que marcaram 2025
A vida de insetos parece ter feito sempre parte da realidade de Luciano Moreira, 58. Quando era criança, no quintal de sua casa, em São Paulo, misturava produtos de limpeza da casa e os injetava nos pequenos bichos, para ver o que acontecia. Hoje, pesquisador, ele lidera uma biofábrica de Aedes aegypti que carregam a bactéria Wolbachia, mecanismo que tem sido usado com sucesso no combate à dengue.
O pesquisador brasileiro foi escolhido pela revista Nature, uma das principais publicações científicas do mundo, como uma das dez pessoas que marcaram a ciência em 2025. Os nomes foram divulgados no início da tarde desta segunda (8).
A Nature ressalta que a lista, publicada desde 2011, não é um prêmio ou um ranking, e sim uma forma de contar a história de importantes marcos científicos e de quem participou deles. Antes, já apareceram na lista os brasileiros Celina Maria Turchi Martelli (2016), Ricardo Galvão (2019), Tulio de Oliveira (2021) e Marina Silva (2023).
Moreira, o citado da lista deste ano, conta que desde pequeno se interessava em achar soluções e que pensava na possibilidade de conseguir trazer algum benefício para a sociedade.
O pensamento e os insetos o seguiram até a UFV (Universidade Federal de Viçosa), em Minas Gerais, onde começou a estudar controle biológico de pragas florestais. Formado engenheiro agrônomo, dedicou seu mestrado à mesma área.
Depois de fazer parte do doutorado na Holanda, voltou ao Brasil e encontrou uma situação crítica de bolsas para pesquisa. Surgiu, nesse ínterim, um convite para um pós-doc em Cleveland, nos Estados Unidos, na Universidade Case Western Reserve. E foi ali que começou o contato mais próximo com mosquitos e malária. A pesquisa buscava genes de mosquito que conseguissem bloquear o plasmodium, parasita que causa a doença.
O salto para o Aedes e a Wolbachia veio só anos depois, quando um novo contato o levou até um outro pós-doc no laboratório de Scott O’Neill, da Universidade de Queensland, na Austrália.
Apesar de convites para ficar tanto nos EUA quanto na Austrália, Moreira acabou voltando ao Brasil, no começo da década passada, por questões familiares. “É difícil no Brasil. Tem muito mais recurso, principalmente na área científica, fora do Brasil. Acho que seria muito importante se a gente tivesse políticos que tivessem a visão de educação e ciência no país”, afirma.




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