Aécio Neves volta ao comando do PSDB criticando polarização e Lava Jato, da qual foi alvo
O deputado federal Aécio Neves reassumiu a presidência nacional do PSDB nesta quinta (27) atribuindo a derrocada do partido à polarização entre o presidente Lula (PT) e o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aos reflexos da Operação Lava Jato, que acusou alguns dos principais líderes do partido.
“Fomos todos atropelados pela tragédia da polarização ideológica”, afirmou. “Mas é impossível não mencionar o efeito danoso da irresponsável criminalização da atividade política ocorrida no país há alguns anos. Manifesto aqui a solidariedade aos companheiros tucanos e de outros partidos, que assim como eu foram covarde e injustamente acusados por atos jamais praticados”, disse.
Aécio reassumiu a presidência do PSDB após mais de oito anos. Quando deixou o cargo daquela vez, em 2017, era alvo da delação premiada do empresário Joesley Batista, da JBS, e de decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) para que fosse afastado do mandato de senador.
Aécio deixou o cargo daquela vez com o discurso de “provar sua inocência”, conseguiu manter o mandato de senador e os processos foram arquivados anos depois, assim como a quase totalidade de investigações decorrentes da Lava Jato. As investigações afetaram outros importantes líderes da sigla, como Marconi Perillo, Beto Richa e Geraldo Alckmin (hoje vice-presidente da República e aliado do PT).
O novo presidente do partido também afirmou que o PSDB cometeu erros. “Mas o maior deles foi nunca ter defendido com a coragem necessária os avanços promovidos quando governamos o país”, disse o mineiro, que saiu de presidenciável a deputado nesse período.
O partido também minguou após a operação e a chegada de Bolsonaro ao poder, com o crescimento de uma nova direita. Perdeu todos os seus governadores (dos eleitos em 2022, dois foram para o PSD e um para o PP) e quase todos seus senadores (hoje são apenas três), elegeu só 13 deputados federais e não terá, pela segunda vez, candidato à Presidência da República.
Pouco para quem chegou a eleger 99 deputados federais e sete governadores em 1998, auge do governo FHC, além de contar com 16 senadores. Mais importante, está ameaçado de não ultrapassar a cláusula de desempenho em 2026, o que o deixaria sem fundo partidário e propaganda na TV e rádio, praticamente obrigado a se unir a outra legenda.
No ato desta quinta, as palavras mais citadas por dirigentes e representantes de segmentos tucanos foram “reestruturação” e “renovação”, além da expectativa de representar eleitores que não se sentem representados pela polarização entre PT e Bolsonaro –polo que, uma vez, já foi dos tucanos.
O ex-governador de Goiás Marconi Perillo, que deixou a presidência do PSDB nesta quinta, agradeceu aos que ficaram no partido “enquanto muitos preferiram sair”. “O PSDB estava num momento delicado. Vivíamos fase de desafios internos, de questionamento sobre nosso papel”, comentou. “Não sucumbimos, como muitos acreditavam.”




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