Advogados Ultrajam Ética Profissional Integrando Organização Criminosa como ‘Testas de Ferro’
Fonte:Helen Oliveira/Portal RBT NEWS com informações do PJC
A Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) da Polícia Civil, por meio da Operação Apito Final, revelou uma trama complexa onde os advogados Jonas Candido da Silva e Fabiana Félix de Arruda Souza transpuseram os limites éticos de sua profissão, transformando-se em peças-chave de uma organização criminosa liderada por Paulo Witer Farias Paelo, também conhecido como WT.
Segundo as investigações, os advogados desempenharam o papel de “laranjas” em diversas transações financeiras ilícitas realizadas por Paulo Witer. Essas transações, que envolviam a aquisição de veículos e imóveis, tinham o propósito de legitimar recursos obtidos ilegalmente, principalmente provenientes do tráfico de drogas.
“O modus operandi da associação criminosa liderada por WT envolvia a compra e venda de bens móveis e imóveis para dar aparência de legalidade ao dinheiro oriundo do tráfico. As investigações deixaram claro o envolvimento dos advogados nesses esquemas de ocultação de bens”, afirmou o delegado Rafael Scatolon, responsável pelas investigações.
Os indícios apontam que a relação entre os advogados e Paulo Witer antecede a primeira prisão deste último, ocorrida em 2021. Na época da detenção, Paulo Witer conduzia uma Mitsubishi Pajero Sport HPE registrada em nome da advogada Fabiana, veículo adquirido por R$ 310 mil e pago por outras duas pessoas também implicadas nas investigações.
Mensagens entre Paulo Witer e Fabiana, recuperadas pela Polícia Civil, confirmam o envolvimento da advogada como “testa de ferro” desde pelo menos 2020. Em uma das mensagens, Paulo Witer instrui Fabiana a não mencionar a origem do veículo, enfatizando a necessidade de manter a distância entre ela e as atividades criminosas.
Além de veículos, os advogados foram utilizados em transações imobiliárias fraudulentas. Jonas Candido da Silva, outro membro da organização criminosa, é apontado como adquirente de um imóvel em Cuiabá, cujo valor declarado estava muito abaixo do preço de mercado. O imóvel, segundo investigações, pertenceria na verdade a Paulo Witer e sua esposa.
A GCCO também identificou que Jonas teve seu nome utilizado na compra de terrenos em Várzea Grande, onde Paulo Witer estabeleceu um supermercado, utilizando sua sogra como laranja.
“Os advogados presos extrapolaram os limites da defesa técnica, praticando atos próprios de membros da organização criminosa. Utilizaram-se da lavagem de dinheiro através de imóveis identificados nas investigações”, afirmou o delegado Gustavo Belão.
A Operação Apito Final, deflagrada em 2 de abril, é resultado de dois anos de investigação da GCCO e visa desmantelar um esquema de lavagem de dinheiro criado por integrantes de uma organização criminosa em Cuiabá. A movimentação financeira identificada pela operação alcançou a cifra de pelo menos R$ 65,9 milhões.
A conduta dos advogados envolvidos não apenas viola os preceitos éticos da profissão, mas também contribui para a perpetuação de atividades criminosas que causam prejuízos à sociedade. A investigação e punição dos envolvidos representam um passo importante no combate ao crime organizado e na preservação da integridade da advocacia como um todo.
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