Trabalhador é libertado após passar dois meses preso por engano em Sinop
Um agente de limpeza de 33 anos foi libertado no último sábado (4) após permanecer por dois meses preso injustamente em Sinop (MT). Ele havia sido confundido com um homem acusado de roubar joias, celulares e perfumes em 2017, no município de Carlinda, a mais de 700 quilômetros de Cuiabá.
A soltura foi determinada pela Justiça depois que a Defensoria Pública comprovou que o trabalhador detido na Penitenciária Osvaldo Florentino Leite (Ferrugem) não correspondia ao verdadeiro autor do crime. Conforme o órgão, o suspeito real é pardo, enquanto o homem preso é branco, calvo e possui sardas.
Diante da inconsistência nas informações, o juiz responsável pelo caso ordenou a abertura de uma investigação para verificar se o criminoso utilizou documentos falsos ou se houve confusão por homonímia — quando duas pessoas têm o mesmo nome.
Durante depoimento virtual, o trabalhador relatou que nunca esteve em Carlinda e que mora em Sinop desde 2013, após se mudar do Maranhão.
“Nem sei onde fica Carlinda ou Alta Floresta. Fui preso no meu local de trabalho. Fiquei desesperado, nunca tinha sido preso na vida. Na delegacia me trataram com respeito, mas no presídio me vi como um criminoso”, contou à Defensoria.
Sem família em Mato Grosso e sem condições de contratar um advogado, ele divide o aluguel com um amigo e teme perder o emprego.
“Graças a Deus, o dono da casa não me mandou embora. Só quero limpar meu nome e provar minha inocência”, desabafou.
Além de revogar a prisão, o magistrado determinou a realização de exame de impressões digitais para comparar com as do verdadeiro suspeito, além de um relatório detalhado da Polícia Civil sobre as divergências entre o homem preso e o acusado do inquérito.
Em sua decisão, o juiz ressaltou que há fortes indícios de erro de identificação, pois a foto do reconhecimento policial diverge claramente da aparência do trabalhador. O homem deverá cumprir medidas cautelares, como manter o endereço atualizado e comparecer à Justiça quando solicitado.
Entenda o caso
O crime ocorreu em janeiro de 2017, quando dois celulares, joias e perfumes foram roubados de um sítio em Carlinda. A investigação da época apontou um suspeito após uma das vítimas afirmar tê-lo reconhecido por meio de uma fotografia em preto e branco.
O acusado nunca chegou a ser ouvido pela polícia. Mesmo assim, em 2022, o Ministério Público apresentou denúncia com base em informações repassadas por um investigador. O mandado de prisão foi expedido no ano seguinte e só cumprido em agosto deste ano, quando o trabalhador foi detido em Sinop.
Após sua prisão, a Defensoria constatou que ele não possuía antecedentes criminais e jamais havia respondido a qualquer processo judicial. O órgão classificou o caso como uma prisão ilegal e um grave erro de identificação que violou o princípio da presunção de inocência.
Por G1 MT
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